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Cultivo de eucalipto para produção de óleos essenciais

José Otávio Brito

Engenheiro florestal, mestre, doutor e diretor executivo do IPEF

diretoria@ipef.br

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Os óleos essenciais, também conhecidos como óleos voláteis, óleos etéreos ou simplesmente essências, são definidos pela International Standard Organization (ISO) como produtos obtidos de partes das plantas, por meio da destilação por arraste com vapor d´água, bem como produtos obtidos por expressão dos pericarpos de frutos cítricos.

São misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, geralmente odoríferas e líquidas (Simões e Spitzer, 1999). As denominações dadas a estes óleos são devidas às suas características físico-químicas. São considerados óleos por serem, geralmente, líquidos de aparência oleosa à temperatura ambiente; por apresentarem volatilidade, recebem ainda o nome óleos voláteis; e são chamados de essências, devido ao aroma agradável e intenso da maioria de seus representantes.

A denominação óleos etéreos é referente ao fato dos mesmos serem solúveis em solventes orgânicos apolares, como o éter.

Colheita de folhas para produção de óleo - Crédito Stephen Pisano-Destilaria Três Barras
Colheita de folhas para produção de óleo – Crédito Stephen Pisano-Destilaria Três Barras

Mais características

Outras características que podem ser identificadas nos óleos essenciais são:

➢Sabor: geralmente acre (ácido) e picante;

➢Cor: quando recentemente extraídos, os óleos são geralmente incolores ou ligeiramente amarelados; poucos são aqueles que apresentam cor, como o óleo volátil de camomila, que tem coloração azulada;

➢Estabilidade: normalmente os óleos essenciais são instáveis, principalmente na presença de ar, luz, calor, umidade e metais;

➢ A maioria dos óleos essenciais possui índice de refração e são opticamente ativos, propriedades estas usadas na sua identificação e controle da qualidade.

Uma gama bastante ampla de constituintes químicos pode ser identificada nos óleos essenciais, havendo referências da presença de hidrocarbonetos terpênicos, álcoois simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres, óxidos, peróxidos, furanos, ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas etc.

Entre os constituintes do óleo essencial, alguns apresentam maior concentração, e são conhecidos como componentes principais. Aqueles que se apresentam em baixíssimas concentrações são conhecidos por componente traço. Como exemplo temos o 1,8-cineol ou eucaliptol, que é o componente principal do óleo de Eucalyptusglobulus, apresentando concentração média de 80 %, no entanto, este componente também está presente no óleo de bergamota como componente traço, com concentração em torno de 0,002%.

O componente principal é o constituinte desejado e o fator pelo qual ocorre a exploração econômica das plantas produtoras de óleo.

Plantio de eucalipto voltado para a extração do óleo - Crédito Stephen Pisano-Destilaria Três Barras
Plantio de eucalipto voltado para a extração do óleo – Crédito Stephen Pisano-Destilaria Três Barras

Compostos

Os óleos das folhas de eucalipto são formados por uma complexa mistura de componentes, envolvendo de 50 a 100 ou até mais compostos orgânicos voláteis, dentre os quais destacam-se hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos, cetonas, ácidos e esters (Doran, 1991).

De acordo com Simões e Spitzer (1999), os óleos essenciais são geralmente produzidos por estruturas secretoras especializadas, tais como: pelos glandulares, células parenquimáticas diferenciadas, canais oleíferos ou em bolsas específicas. Tais estruturas podem estar localizadas em algumas partes específicas ou em toda a planta.

Assim, podemos encontrar os óleos essenciais na parte aérea, como na menta; nas flores, como é o caso da rosa e do jasmim; nas folhas, como ocorre nos eucaliptos e no capim-limão; nos frutos, como na laranja e no limão; na madeira, como no sândalo e no pau-rosa; nas cascas do caule, como ocorre nas canelas; nas raízes, como se observa no vetiver; nos rizomas, como no gengibre; nas sementes, como na noz moscada.

Os autores comentam ainda que os óleos essenciais obtidos de diferentes órgãos de uma mesma planta podem apresentar composição química, caracteres físico-químicos e odores distintos.

A Destilaria Três Barrasé a maior exportadora do óleo essencial de EucalyptusCitriodora - Crédito Stephen Pisano-Desti
A Destilaria Três Barrasé a maior exportadora do óleo essencial de EucalyptusCitriodora – Crédito Stephen Pisano-Desti

Direto das folhas

Os óleos essenciais provenientes do eucalipto ocorrem, principalmente, nas folhas, onde são produzidos em pequenas cavidades globulares, chamadas glândulas. Estas encontram-se distribuídas em todo o parênquima foliar da maioria das espécies de eucalipto.

Em algumas espécies, estas glândulas podem ser visualizadas como pequenos pontos translúcidos quando a folha é observada contra a luz. A origem biossintética dos óleos essenciais de eucalipto relaciona-se com o seu metabolismo secundário, que não é considerado como fundamental para a manutenção da vida do organismo, porém, confere às plantas a capacidade de adaptação às condições do meio em que vive.

No caso dos eucaliptos, especificamente, as referências são as de que a ocorrência do óleo essencial estaria relacionada com a defesa da planta contra insetos, resistência ao frio, quando no estágio de plântulas, ao efeito alelopático e à redução da perda de água, resultados estes que dependem ainda da realização de estudos mais comprobatórios (Doran, 1991).

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Floresta, edição de novembro/dezembro 2017. Adquira a sua para leitura completa.

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