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Híbridos de pimentão – A aposta certa

Autores

Ivy Freitas Silva
Aline Bittencourt Nunes
  Graduandos em Agronomia – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus Paragominas (PA) e membros do Grupo de Pesquisa Estudos em Manejo de Doenças de Plantas Tropicais
Gustavo Antônio Ruffeil Alves
  Doutor e professor – UFRA, campus Paragominas, e coordenador do Grupo de Pesquisa Estudos em Manejo de Doenças de Plantas Tropicais
gustavo.ruffeil@ufra.edu.br

O pimentão (Capsicum annuum L.) é uma das hortaliças mais importantes economicamente no Brasil, sendo plantado e consumido em todo o território nacional. A área estimada de plantio é 19 mil hectares, com produção acima de 420 mil toneladas (FAO, 2017). Para aumentar a produtividade, melhorar a qualidade e oferecer pimentão em todas as épocas, a maioria dos produtores, principalmente das regiões sudeste e sul do Brasil, têm cultivado em ambiente protegido (Oliveira et al., 2009).

A utilização de cultivares híbridas pelos produtores de pimentão tem sido importante fator para incremento da produtividade. A principal diferença entre essas cultivares e as tradicionalmente plantadas reside no efeito heterótico expresso nos caracteres diretamente ligados à produtividade e qualidade de frutos (Tavares, 1993; Innecco, 1995; Oliveira, 1998; Miranda et al., 1998; Bonetti, 2002).

Além disso, pode-se obter resistência para múltiplas doenças mais facilmente em híbridos do que em cultivares de polinização aberta (Nascimento et al., 2004).

Vantagens

Segundo Nascimento et al. (2002), as cultivares híbridas apresentam algumas vantagens sobre as demais, com melhores respostas às exigências do produtor e do mercado, como: alto potencial produtivo (rendimento e qualidade); maior adaptação aos sistemas de cultivo; produção de frutos de maior peso médio e resistência às principais doenças da cultura.

Atualmente, há muitas cultivares presentes no mercado nacional de sementes de pimentão, com destaque para os híbridos que predominam no cultivo protegido e têm presença significativa em campo aberto.

Obstáculos

A alta produtividade dessa hortaliça muitas vezes é reduzida pela ocorrência de várias doenças. Entre algumas das principais doenças que acometem a cultura no Brasil destacam-se o mosaico amarelo do pimentão, causado pelo vírus Pepper Yellow Mosaic Virus (PepYMV), as galhas das raízes, causadas pelo nematoide Meloidogyne incognita (Carvalho et al., 2017) e uma doença conhecida como murcha, requeima ou podridão de raízes causada pelo patógeno P. capsici (McGregor et al., 2011).

Dentre as bacterioses, destaca-se a pústula-bacteriana ou mancha bacteriana, causada por Xanthomonas campestris pv. vesicatoria (Doidge) Dye (Kimura; Carmo, 1996).

A mancha-bacteriana afeta todos os órgãos aéreos das plantas e ocorre em qualquer estádio de desenvolvimento do pimentão, sendo mais prejudicial às mudas em fase de viveiro, e às folhas e frutos de plantas adultas. Em períodos chuvosos, as infecções são mais abundantes e as lesões se desenvolvem mais rapidamente em número e tamanho, levando à desfolha intensa da planta (Carmo et al., 1996).

Sintomas

No campo, os sintomas iniciais nas folhas são pequenas manchas, de 2,0 a 4,0 mm de diâmetro, com aspecto encharcado que, ao crescerem, se tornam pardas e depois necrosam. Nos frutos, as lesões são deprimidas, esbranquiçadas, irregulares e circundadas por um halo castanho escuro. Também, nos frutos, as lesões podem ocorrer em grande número e, embora não causem sua queda, o patógeno pode alcançar o interior e infectar as sementes (Viana et al., 2007).

Controle

Entre os métodos de controle recomendados, a resistência genética é considerada a mais econômica e tecnicamente mais prática, principalmente quando se observam os custos, o risco potencial de resíduos químicos nos frutos e a resistência do patógeno aos produtos químicos utilizados.

Deste modo, há um crescente interesse em desenvolver cultivares de pimentão com resistência à mancha bacteriana e às outras principais doenças da cultura (Sahin; Miller, 1998).

O autor Vaz (2017), após experimento com híbridos de pimentão em Minas Gerais, concluiu que os híbridos PIM-HE-197 e PIM-HE-152 possuem resistência ao PepYMV e M. incognita; e PIM-HE-181 e PIM-HE-211 à P. capsici e PepYMV.

Já o pimentão híbrido Paloma, um híbrido vigoroso com frutos de excelente qualidade e plantas resistentes a doenças, apresenta planta uniforme e vigorosa, bem enfolhada, de porte médio e folhas verde escuro. Resistente à PVY (vírus do mosaico da batata), BST 1-3: mancha bacteriana (Xanthomonas campestres pv., vesicatoria raças 1, 2 e 3), TSWV (vira-cabeça) e PeMV (Peppermotlle vírus).

Investimento

Com o plantio em condições protegidas, sob plástico, aumentou a procura por híbridos com maior produtividade e valor comercial, para que fosse compensatório o investimento na nova infraestrutura de produção.

Inicialmente, havia um diferencial de preço entre o pimentão produzido em estufa e o sem proteção, que posteriormente, com a chegada de híbridos coloridos, com sabor mais leve e adocicado, a rentabilidade para o produtor tornou-se elevada, tanto devido à produtividade de até 240 t/ha quanto pela valorização do produto. Em média, o preço de venda destas sementes é R$ 15 mil/kg (Ribeiro; Cruz, 2002).

Segundo os autores supracitados, o diferencial de preço entre os diferentes pimentões ainda é verificado, com os coloridos, atingindo valores 60-100% maiores no atacado.

Estes continuam com suas produções restritas às condições protegidas, devido ao alto custo da semente e à necessidade de condução sob condições ambientais adequadas.

Outro fator que altera o valor da produção é a embalagem para a comercialização. Os híbridos coloridos são comercializados em caixas de papelão ou bandejas de poliestireno com filme plástico, enquanto que para os pimentões verdes são utilizadas as antigas caixas tipo K, de madeira que, apesar do menor custo, depreciam o produto no mercado.

Atualmente, estes materiais dominam o mercado, devido às suas vantagens, as quais estão fundamentadas na combinação de diferentes caracteres quantitativos e qualitativos (Vaz, 2017) que garantem o retorno do investimento.

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