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Ácidos húmicos – Mais desenvolvimento das raízes da melancia

Autora

Nilva Terezinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)
nilvatteixeira@yahoo.com.br

A melancia é uma cucurbitácea anual, de crescimento rasteiro, com várias ramificações que alcançam até 5,0 m de comprimento. É cultivada em vários países do mundo, com uma produção total de, aproximadamente, 23 milhões de toneladas de fruto. Clima ameno a quente, de dias longos e de baixa umidade relativa do ar favorecem o desenvolvimento da cultura e a qualidade dos seus frutos. Desenvolve-se melhor em solos de textura média, profundos, com boa drenagem interna e boa disponibilidade de nutrientes. Deve-se evitar solos pesados.

No Brasil e no mundo

A China é o maior produtor mundial de melancia e o Brasil ocupa a quarta posição, após Turquia e o Irã, sendo uma das frutas de maior estaque no País quando o assunto é exportação: é a sétima mais exportada, atrás de mamões, conservas e preparações de sucos, uvas, limões e limas, melões e mangas.

Em 2016 o País movimentou US$ 31,4 bilhões com os embarques de melancia. No total, 67.437.489 kg foram enviados para os compradores internacionais, em especial para países baixos, Reino Unido, Argentina e Espanha.

Com isso, o emprego de técnicas que melhorem a produtividade da melancia é válido e oportuno. Entre as opções disponíveis estão os produtos contendo ácidos húmicos e fúlvicos que, na indústria, podem se originar de turfa e leonardita, por exemplo, que com a humina são os componentes das substâncias húmicas.

Os ácidos húmicos

As substâncias húmicas são componentes da matéria orgânica dos solos, das águas e dos sedimentos, sendo os ácidos húmicos e fúlvicos as frações de maior atividade química. Tais frações, além de influenciarem as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, exercem efeito direto sobre o crescimento e metabolismo das plantas, especialmente sobre o desenvolvimento radicular.

Tradicionalmente, substâncias húmicas têm sido definidas como de coloração escura, compostas de macromoléculas de massa molecular relativamente elevada, formada por meio de reações de síntese secundária a partir dos resíduos orgânicos de plantas, animais e microrganismos.

Ação e reação

As substâncias húmicas podem afetar diretamente o metabolismo das plantas, estimulando a taxa respiratória e as enzimas do ciclo de Krebs, o que resulta em maior produção de ATP, o transporte de íons, favorecendo, também, a absorção.

Também se considera que tais substâncias promovem incremento no conteúdo de clorofila, de ácidos nucléicos e de proteínas. Os ácidos húmicos e fúlvicos absorvidos pela planta, em estágios avançados do seu desenvolvimento, são uma fonte de polifenóis, que funcionam como catalizadores da respiração.

Assim, o resultado do uso agrícola de tais substâncias é o aumento da atividade metabólica do vegetal; aceleração dos processos enzimáticos e da divisão celular, crescimento mais rápido da raiz e aumento de matéria seca.

Atuam como agentes cimentantes nas partículas do solo e agregados, e ao se combinarem com os minerais beneficiam a liberação de nutrientes às plantas, pois estimulam a ação da microbiota do solo, o que contribui, entre outros aspectos, para a mineralização mais rápida da matéria orgânica presente. São os responsáveis pela maior parte da CTC de origem orgânica em camadas superficiais de solos.

Como se citou, os referidos ácidos participam da agregação das partículas do solo. Agora, o processo de agregação dos solos influi diretamente sobre outras características do perfil como, por exemplo, a densidade, porosidade, aeração, capacidade de retenção e infiltração de água no solo.

Na melancia

E como se justifica o emprego de formulados com ácidos húmicos e fúlvicos no cultivo da melancia? Como já se referiu, a melancia é uma frutífera que prefere solos bem estruturados, com porosidade que permita arejamento e retenção de água.

Os ácidos húmicos em solos muito argilosos (com pouca aeração e com dificuldade de penetração de água) promovem a agregação de partículas, melhorando a capacidade do solo de fornecer oxigênio às raízes e água às plantas. Para absorção de nutrientes, a água é fundamental.

Se o solo for muito arenoso, a capacidade de retenção de água e de nutrientes é muito pequena: mais uma vez os ácidos húmicos e fúlvicos irão auxiliar, formando agregados.

Os ácidos húmicos ainda têm papel na vida microbiológica do solo: promovem a proliferação de microrganismos que liberam compostos análogos a fitohormônios, que estimulam a divisão celular das raízes das plantas, promovendo maior enraizamento.

O sistema radicular é a principal via de entrada de nutrientes e de água das plantas, além de ser a âncora do vegetal. Ainda, tem-se que lembrar dos benefícios que tais ácidos promovem no metabolismo da planta, o que resultará em maior desenvolvimento vegetativo e radicular, além de maior produtividade da cultura.

BOX

Recomendações

A inclusão dos ácidos húmicos e fúlvicos no cultivo de melancia pode ocorrer de diferentes formas.

† Em área total, em pré-plantio, quando o produto é sólido e se recomenda de 1,0 a 2,0 t.ha-1.

† Por ocasião da emergência das plântulas: aplicar via drench: 20 a 30 ml da solução composta de 1 l.100-1.

† Pulverizar, com solução preparada com 200 ml do formulado, 100 l-1, em intervalos de 07 a 10 dias (04 aplicações) iniciando na emergência das plântulas.

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