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quinta-feira, março 28, 2024
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A importância de escolher bem o porta-enxerto

Autores

Rhaiana Oliveira de Aviz
rhaianaoliveiradeaviz@gmail.com
Graduandas em Agronomia – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Luciana da Silva Borges
Doutora, professora – UFRA e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Horticultura da Amazônia (HORTIZON) e Núcleo de pesquisa em agroecologia (NEA)
 
Luana Keslley Nascimento Casais
luana.casais@gmail.com
luciana.borges@ufra.edu.br
Fotos: Fundecitrus

Atualmente a citricultura desempenha uma das principais atividades agrícolas do Brasil, sendo um de seus produtos o suco de laranja, líder em produção e comercialização mundial. Esta é uma das áreas mais promissoras da agricultura, pois apresenta cadeia completa e tecnologias avançadas, desde a produção de mudas até o processamento de subprodutos.

Porém, é impossível obter sucesso na produção do citros sem atentar para a produção de mudas, pois este é um dos insumos mais importantes, e por isso necessita de cuidados redobrados quando o que está em jogo é uma boa produtividade futura.

Mudas certificadas

Para a produção adequada de mudas certificadas de citros é necessário atentar para alguns cuidados, tais como a correta escolha dos porta-enxertos e copas que possam resultar numa planta adequada às diversas situações, como tipos de climas, doenças e pragas.

Segundo a Embrapa (2016), a produção de porta-enxertos tem sido realizada utilizando o mesmo telado para a produção das mudas. Essa medida visa uniformizar os tratos culturais e manter condições de temperatura e umidade mais favoráveis à germinação e ao desenvolvimento inicial das plântulas.

Além disso, a Embrapa (2016) também ressalta que, para um bom porta-enxerto, as características a seguir devem ser levadas em consideração, como elevado número de sementes por fruto, capacidade de adaptação às condições de clima e solo, resistência ou tolerância a vírus e a outros organismos destrutivos, indução de produção precoce de frutos às copas, compatibilidade com copas de alta produtividade, redução do porte da combinação copa-porta-enxerto, tolerância à seca, ao alumínio, à salinidade, ao frio (geadas), indução de produção de frutos de boa qualidade, determinação de longevidade à combinação de copa-porta-enxerto, alta eficiência no aproveitamento de fertilizantes e indução de alta eficiência produtiva.

Pompeu junior (2005), em sua pesquisa, verificou que em 80% dos pomares brasileiros o porta-enxerto limoeiro ‘Cravo’ (C. limonia Osbeck) é o mais utilizado, por apresentar alto vigor, tolerância ao estresse hídrico, fácil obtenção de sementes, bom pegamento de mudas no plantio, rápido crescimento, produção alta e precoce, com frutos de qualidade regular, além de ser compatível com todas as variedades copa, e para quem produz na região sudeste, apresenta média tolerância ao frio.

Mas, além deste tipo de porta-enxerto temos também outras cultivares bastante utilizadas nos pomares brasileiros, como a ‘Cleópatra’ (C. reshni hort. ex Tanaka), que confere bom desenvolvimento e uniformidade às plantas, mas apresenta uma produção inicial lenta, sendo mais exigente em nutrientes e menos tolerante à seca.

A cultivar ‘Sunki’ (C. sunki (Hayata) é uma tangerineira que, após passar por seleção natural, deu origem à ‘Sunki Tropical’, que apresenta precocidade de produção, além de maior produtividade e menor oscilação de safra.

O ‘Citrumelo Swingle’ (Citrus paradisi x Poncirus trifoliata) é um híbrido bastante utilizado como porta-enxerto, muito produtivo, porém, as plantas resultantes desse porta-enxerto são bastante exigentes em adubação. Por outro lado, apresentam resistência à gomose, à tristeza, ao nematoide e ao frio.

A ‘Trifoliata’ (Poncirus trifoliata) é uma planta suscetível à seca, bastante indicada para a região sul do País, apresenta menor tamanho de copa e os frutos têm um alto teor de açúcar.

Estes são os porta-enxertos mais usuais em nossos pomares, porém, com o avanço da tecnologia e pesquisa, já podemos encontrar no mercado outras cultivares com grande potencial produtivo e características próprias para produção em cada região brasileira.

A hora da escolha

Incialmente, para escolher corretamente o porta-enxerto mais adequado, deve-se levar em consideração a região em questão, onde estas mudas de citros serão produzidas. O porta-enxerto escolhido deve apresentar características coerentes com a situação local, como tolerância à temperatura da região, tipo de solo existente e doenças mais comumente ocasionadas na área.

Pompeu Junior (1991 e 2005) constatou, em sua pesquisa, que os porta-enxertos afetam várias características de produção e patológicas dos citros, como: absorção, síntese e utilização de nutrientes; composição química das folhas e transpiração; precocidade de produção, porte e longevidade das plantas; peso, maturação e permanência de frutos na planta; coloração da casca e do suco; teores de açúcares, ácidos e de outros componentes do suco; tolerância a pragas, doenças e fatores abióticos; qualidade da fruta e produtividade.

Segundo a Embrapa (2008), nas regiões nordeste e sudeste do Brasil, onde condições de clima são predominantemente tropical e subtropical, o limoeiro ‘Cravo’ (Citrus limonia Osbeck) é o porta-enxerto mais utilizado, por contar com características hortícolas, como: maior vigor, produtividade e longevidade às copas; além de ser indicado para todas as cultivares-copa, tanto em solos arenosos quanto argilosos; e ser tolerante à seca, fator esse muito importante.

Porém, deve-se atentar para alguns fatos, como a questão de que, como somente alguns porta-enxertos são utilizados, os riscos fitossanitários são grandes, fazendo-se necessário a rotação de matrizes na formação de mudas, a fim de evitar danos futuros.

Outro fator que deve ser levado em consideração é o tipo de copa que se quer utilizar, pois deve haver uma boa harmonia na combinação dessas duas partes, a fim de que se produza mudas fortes e bem adaptadas à região onde serão utilizadas, aproveitando o máximo que elas poderão oferecer.

Passo a passo

De início, as sementes que serão utilizadas devem ser certificadas e provenientes de plantas matrizes. Essas sementes deverão ser semeadas em bandejas, sacos plásticos ou tubetes, sendo estes últimos os mais recomendados, segundo Oliveira et al. (2001).

O substrato utilizado deve ser bem aerado, com capacidade de retenção e drenagem de água adequados, devendo estar isento de nematoides e patógenos. Deve, ainda, conter uma nutrição adequada para o bom desenvolvimento dos porta-enxertos.

No ato da semeadura devem-se utilizar de duas a três sementes por saco plástico ou tubete plástico a uma profundidade e no máximo 3,0 cm. Após a emergência das mesmas, um desbaste deve ser efetuado deixando apenas a plântula mais vigorosa.

A irrigação deve ser constante, evitando deixar o substrato seco ou encharcado. A partir da primeira folha definitiva, deverão ser efetuadas adubações nos porta-enxertos a fim de potencializar o seu crescimento e uniformidade, sempre conforme a necessidade das plantas, sem que haja excessos.

Essas plantas devem ser cultivadas no viveiro onde as mudas de citros serão produzidas a fim de reduzir custos e facilitar o manejo. O local pode ser coberto com sombrite nas laterais e teto. A porcentagem de escurecimento dessa tela deve ser de acordo com a região de produção dos porta-enxertos.

A partir dos quatro a cinco meses após a semeadura os porta-enxertos já se encontram numa altura de 15 a 30 cm, com enraizamento bem desenvolvido. Pode ser feito o transplante para recipientes maiores, conduzindo-os com uma única haste para a posterior enxertia.

Erros

Os erros mais frequentes podem começar no início, na aquisição das sementes. O produtor deve sempre optar pela compra de sementes certificadas, levando em conta a procedência desse material. Deve ser feito um levantamento de cultivares para a identificação da que mais se adaptará às condições de clima e solo da região, pois é imprescindível que o porta-enxerto escolhido atenda a todos os requisitos para um bom desempenho em campo.

Outro erro muito comum que ocorre, mas que deve ser levado em consideração, é a escolha da copa que irá formar a muda de citros. Esta deve apresentar as características mais próximas possíveis da cultivar escolhida como porta-enxerto, a fim de que, juntas, elas possam ter uma boa harmonia de composição, e deem origem a uma muda boa, resistente e vigorosa.

O manejo também compõe outro fator limitante no bom desempenho desse porta-enxerto, pois é por meio dele que essa planta desempenhará todo o seu potencial produtivo. É necessária uma adubação que atenda às necessidades nutricionais em todas as fases de cultivo, além da proteção da muda em viveiro, que deve ampará-las durante as fases de germinação, enxertia e desenvolvimento contra pragas e intempéries ocasionais, até que o transplante seja efetuado.

Obstáculos

Um obstáculo que vem provocando diversos problemas e deve ser considerado é a falta de diversidade de porta-enxertos no pomar. A utilização de apenas um tipo de porta-enxerto pode tornar o pomar suscetível a doenças e, consequentemente, a perdas futuras. Portanto, a diversificação é muito importante quando o que está em jogo é a segurança e rentabilidade econômica futura.

Custo-benefício

Uma produção própria de porta-enxertos pode significar maior economia quando confeccionados de forma correta, pois dentre os insumos utilizados na produção de mudas de citros, substrato e porta-enxerto são os mais importantes, representando 20,7% do custo de produção (Bremer Neto et al. 2015).

Custos com mão de obra são os que mais encarecem a produção de porta-enxertos, com 48% do custo total, no entanto, um porta-enxerto produzido pelo próprio produtor pode custar em torno de R$ 0,60, uma excelente aposta quando se espera por uma melhor lucratividade.

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