Panorama Nacional da Produção de Limão

São Paulo é o maior Estado produtor de limão do Brasil, dominando em torno de 70% deste segmento, segundo o IEA. Em 2016 o Estado produziu 20,7 milhões de caixas de 40,8 kg da fruta, um crescimento de 4,85% em relação a 2015. Catanduva é o município paulista que mais tem produzido limão.

Minas Gerais sustenta a segunda colocação no ranking nacional na produção do limão. Atualmente são mais de 90 mil toneladas anuais produzidas em diferentes regiões do Estado, mas o Norte vem se destacando, em virtude do projeto de irrigação do Jaíba, que responde por 39,5% da produção mineira, e Matias Cardoso, por 31,3%, de acordo com dados da Aslim (Associação dos Produtores de Limão do Jaíba). O objetivo é crescer, com o aumento das exportações.

 O projeto Jaíba está localizado nesses dois municípios, que respondem por cerca de 70% da produção estadual de limão, com grande participação no mercado externo. Hoje, cerca de 40% da produção da fruta cítrica é direcionada à exportação, sendo que 4.000 toneladas foram exportadas em 2016. Os produtores têm meta de aumentar a venda externa em 25% ainda este ano.

Nos últimos 33 anos, informa Matheus Kfouri Marino, sócio da Markestrat e professor da FGV, a produção cresceu em média 3,0% ao ano, com destaque para a exportação. “O mercado interno melhorou nos últimos anos em função da associação do suco de limão com casca à saúde. De 2015 para 2016 houve um crescimento de 34% no número de pés novos em São Paulo. O mercado de limão é pequeno, e qualquer oscilação de oferta faz o preço subir ou cair drasticamente“, avalia.

A irrigação por gotejo tem sido a principal aposta dos produtores. Entretanto, tem-se observado queda de produtividade nos pomares paulistas ” de 3,1 cx/ha em 2002 para 2,6 cx/ha em 2016.

Jaíba

O Jaíba, maior projeto de agricultura irrigada da América Latina, foi criado com o objetivo de promover o desenvolvimento regional integrado com base na agricultura irrigada, agroindústria e agropecuária.

Ocupa uma área total irrigável de 107,6 mil hectares. Na etapa I do Jaíba, a área irrigável é de 24.752 hectares e a área ocupada de 23.061. Mais da metade da área do perímetro é destinada à fruticultura, com destaque para a produção de limão.

A área do Jaíba II tem 19.276 hectares, dos quais 14 mil estão em produção. Nela atuam médios e grandes produtores, contemplando 55 empresários, com 684 lotes.

A Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) atende no Jaíba 561 agricultores familiares, em uma área plantada de 1.146 hectares. Os produtores assistidos comercializam a fruticultura em entrepostos como o Centro de Abastecimento do Norte de Minas (Ceanorte), Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa-MG), supermercados e sacolões, bem como em mercados institucionais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Preços

No momento atual, de entressafra, não existe fruta no pé, o que faz o preço subir. Entretanto, ainda é mais baixo do que no ano passado em função da ampliação do plantio (+34%). O mercado de óleo essencial e suco de limão também está aquecido nos últimos dois anos, o que estimulou o escoamento da fruta no período da safra.

Evolução do plantio de limão no Brasil

Fonte: Ciagri/IEA

Exportações

Destinos das exportações brasileiras de limão em 2016

Custo de produção

Matheus Marino, que também é produtor de limão, relata que 56% do seu custo está em mão de obra. “Propriedades familiares levam vantagem em função do trabalho familiar. Para pomares de alta tecnologia, irrigados com fertirrigação, o custo variável supera os R$ 20 mil/ha. O custo subiu muito nos últimos anos, especialmente a mão de obra, diesel, energia elétrica, defensivos e fertilizantes. Para produzir na entressafra temos que investir, e podemos ser ‘enganados’. A elevada receita faz o produtor acreditar que está ganhando dinheiro, mas na maioria dos casos as despesas superam a receita, produz-se muito pouco na entressafra e os problemas fitossanitários, como o greening e o cancro, estão piorando. Não dá para saber se a margem de lucro é boa se as despesas não forem contabilizadas“, define o especialista.

Demanda

A produção brasileira supre tranquilamente a demanda. O Brasil é exportador líquido, e compete com o México no mercado internacional. “Temos dois meses de preços elevados, pois não conseguimos produzir nesta época em função do clima. Nos demais meses o preço é baixo. Necessitamos de moagem e exportação para equilibrar o preço“, avalia Matheus Marino.

Há uma crescente exigência por rastreabilidade e qualidade de frutos. Já na produção, o desafio é a convivência com o greening e o cancro cítrico.

Ainda assim, houve uma forte entrada de produtores de limão no mercado, nos últimos anos, evidenciado pelos dados de novos pés. “O mercado é pequeno e concentrado em poucos compradores. Já vivenciamos ciclos de alta e baixa, e precisamos fazer contatos. É difícil pagar a conta do ano em dois meses de alta de preço e baixa produção“, considera.

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