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Os ácidos húmicos e seus efeitos sobre as florestas

Nilva Teresinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)

nilva@unipinhal.edu.br

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

As substâncias húmicas são compostos orgânicos, produzidos pela ação microbiana e que são conceituados como agregados, formados por diversos compostos orgânicos de baixa massa molecular.

Os ácidos húmicos e fúlvicos, que fazem parte das chamadas substâncias húmicas, são coloides orgânicos muito complexos com altos teores de carbono e cerca de 2 a 5% de nitrogênio e 30 a 50% de oxigênio. Apresentam muitos radicais orgânicos: tais como carboxílicos, fenólicos, hidroxifenólicos, hidroquinônicos, amínicos, amídicos e imídicos de alta capacidade de troca iônica.

As substâncias húmicas têm, entre suas propriedades, o efeito tampão, de melhorar a disponibilidade de nutrientes (desloca o fósforo das superfícies das argilas, por exemplo) e a disponibilidade de água às plantas, beneficiar a taxa fotossintética, a absorção de nutrientes e água (pois aumenta a permeabilidade da membrana celular), estimular a atividade das enzimas do ciclo do ácido tricarboxílico e da cadeia respiratória e propiciar a formação de auxinas naturais.

Além disso, tais substâncias, ao fornecerem matéria orgânica e ativarem o desenvolvimento dos microrganismos, melhoram a microbiota do solo.

Benefícios sem fim

A inclusão dos ácidos húmicos e fúlvicos nos processos produtivos pode, então, beneficiar as propriedades físicas, químicas e microbiológicas dos solos, melhorando assim o enraizamento das plantas, seu desenvolvimento e produção. Dados de literatura enfatizam o efeito sinergético da interação entre substâncias húmicas e fertilizantes minerais sobre o crescimento de plantas cultivadas em solução nutritiva e no campo.

Os ácidos húmicos, por meio de suas cargas negativas e positivas, podem reagir com várias substâncias presentes nos solos, como os agrotóxicos ou pesticidas e, em alguns casos, detoxificar solos contaminados por tais insumos.

Entretanto, mesmo na ausência de cargas, os grupamentos funcionais carboxila e amino podem formar pontes de hidrogênio com átomos de elementos químicos eletronegativos, como nitrogênio, oxigênio e flúor, contribuindo para a remoção de resíduos de agroquímicos dos solos.

Assim, pode-se inferir que as substâncias húmicas beneficiam o desenvolvimento das plantas e interferem indiretamente no metabolismo vegetal, pelas vantagens ocasionadas ao solo, como complexação de metais, aumento da capacidade de troca catiônica, fornecimento de nutrientes e retenção de umidade.

Ação

A ação de tais ácidos é, também, direta, no transporte de íons, na atividade respiratória, no conteúdo de clorofila, na síntese de ácidos nucleicos e na atividade enzimática.

Os ácidos húmicos e fúlvicos beneficiam os vegetais em várias etapas fenológicas, como enraizamento, desenvolvimento vegetativo, floração, frutificação e granação.

Os efeitos mais estudados são os relativos ao sistema radicular e envolvem a formação de raízes laterais, o alongamento radicular e a formação de pelos radiculares, aspectos que levam ao aumento de massa e área superficial das raízes, contribuindo para aumentar a absorção de água e nutrientes.

Ainda, tais ácidos atuam alterando a rizosfera, por estimularem a liberação de ácidos orgânicos e de açúcares pelas raízes, beneficiando a microbiota do solo, o que o que pode favorecer o desenvolvimento vegetal.

Além da influência no enraizamento, já referido, os ácidos húmicos e fúlvicos beneficiam a síntese de clorofilas e de carotenoides e estimulam a taxa fotossintética e da respiração, promovem maior geração de energia às plantas, o que, certamente, promove aumento de massa vegetal e de produção das plantas.

Ressalta-se, também, que os citados ácidos orgânicos estimulam a formação de fitorreguladores, como as citocininas, o que contribui para o aumento do desenvolvimento e produção vegetal.

Para as florestas

A silvicultura pode, certamente, usufruir dos benefícios do emprego de formulados contendo ácidos húmicos e fúlvicos. Na formação de mudas, a influência de tais materiais no desenvolvimento de raízes é importante. Mudas com raízes mais volumosas certamente terão adaptação melhor no campo e a necessidade de replante será menor.

Dosagens

Indicações sobre quantidades a empregar divergem de acordo com o formulado a empregar. No caso de espécies florestais, há indicação de adicionar 2 a 3% em volume ao substrato utilizado, por ocasião do preenchimento dos recipientes.

Informações experimentais, entretanto, indicam que é necessário cuidado com as quantidades a aplicar: doses altas promovem o sequestro de elementos essenciais às plantas (como Mg, Mn, Fe, etc.) prejudicando, assim, o desenvolvimento das mudas.

Essa matéria completa você encontra na edição de dezembro 2015/ janeiro 2016  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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