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Opções em variedades de pera

Ivan Dagoberto Faoro

Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador da EPAGRI/Estação Experimental de Caçador e professor da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe/UNIARP

faoro@epagri.sc.gov.br

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

No Brasil, as principais cultivares de pera indicadas para cultivo, dependendo do número de horas de frio durante os meses de maio a agosto, estão citadas na Tabela 1.

Tabela 1. Avaliação das características dos frutos e suscetibilidade a doenças de cultivares de pereira

Cultivar

Características do fruto

Reação a doenças

Formato

Coloração da película

Qualidade

Tipo europeu

Max Red Bartlett  (= Red Bartlett)

Piriforme

Avermelhada, ficando vermelha sobre fundo amarelado quando madura. Sem ou com russet parcial

Polpa doce, amanteigada, sem adstringência e suculenta

Suscetível à entomosporiose

Packham’s Triumph

Piriforme a piriforme disforme

Verde e verde-palha quando madura. Médio russet

Tendência a produzir frutos muito grandes em plantas com pouca carga. Polpa doce, amanteigada, sem adstringência, suculenta

Suscetível à entomosporiose e à sarna(2)

Rocha

Piriforme oblonga

Amarela ou verde-palha. Médio russet

Polpa doce, amanteigada, sem adstringência e suculenta

Suscetível à entomosporiose(1)

Santa Maria

Piriforme

Amarelo-claro, podendo ser levemente avermelhada pelo efeito da insolação.

Polpa doce, amanteigada, sem adstringência e suculenta

Suscetível à entomosporiose

William’s

(= Bartlett)

Piriforme

Verde, ficando verde- Â  palha quando madura

Polpa doce, amanteigada, sem adstringência, suculenta

Suscetível à entomosporiose e à sarna

Seleta

Oblongo piriforme

Verde clara

Polpa doce-acidulada, tenra, aroma suave

Suscetível a entomosporiose

Primorosa

Ovoide piriforme

Verde clara

Polpa suculenta e com pequenos grânulos esparsos, doce acidulado

Suscetível a entomosporiose

Tipo asiático

Housui

Arredondado

Marrom, ficando marrom–dourada quando madura

Polpa doce, crocante e macia, sem adstringência e muito suculenta. Produz frutos médios a grandes

Resistente à pinta preta(3)  e suscetível à sarna

Kikusui

Arredondado

Verde, ficando verde-

-amarelada quando madura

Polpa doce, crocante, macia, sem adstringência e suculenta. Produz frutos pequenos a médios. Pode apresentar rachadura no fruto

Resistente à pinta preta(3) e à sarna(2)

Kousui

Arredondado

Marrom, ficando marrom- -dourada quando madura

Polpa doce, crocante, macia, sem adstringência e muito suculenta. Produz frutos pequenos

Resistente à pinta preta. Suscetível à sarna e muito suscetível à seca dos ramos(4)

Nijisseiki

 (= Século XX)

Arredondado

Verde, ficando amarelada quando madura. Necessita de ensacamento dos frutos para evitar o desenvolvimento de russet

Polpa doce, mas com menor teor de açúcares que os cvs. Housui e Kousui; crocante, macia, sem adstringência e muito suculenta. Produz frutos médios a grandes

Suscetível à sarna e à pinta preta. Existem mutações com resistência moderada à pinta preta (cv. Gold Nijisseiki) e autofértil (cv. Osanijisseiki)

Yali

Piriforme ovalado

Verde, ficando verde palha quando maduro. Possui russet na região do pedúnculo

Polpa medianamente doce, crocante e suculenta

Suscetível à entomosporiose

Fonte: Faoro et al., 2015. Modificado pelo autor.

(1) A entomosporiose é causada por Diplocarpon mespil (anamorfo Entomosporium mespilli).

(2) A sarna é causada por Venturia pirina e V. nashicola.

(3) A pinta preta é causada por Alternaria kikuchiana (= A. alternata).

(4) A seca dos ramos é causada por Botryosphaeria sp. (Anamorfo Dothiorella sp.)

Importância

 Ivan Dagoberto Faoro, engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador da EPAGRI - Crédito Arquivo pessoal
Ivan Dagoberto Faoro, engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador da EPAGRI – Crédito Arquivo pessoal

As cultivares de alta qualidade dos tipos europeias e japonesas citadas na Tabela 1 são exigentes em frio hibernal. Para produzirem uma boa florada e frutos de boa aparência exigem pelo menos 600 horas de frio abaixo de 7,2ºC ou cerca de 2.000 Unidades de Frio.

Essas condições somente existem nas poucas regiões de altitude de Santa Catarina (São Joaquim) e do Rio Grande do Sul (Bom Jesus). Por isso, em regiões com menor quantidade de frio (400 a 600 horas) faz-se necessário a “quebra“ artificial da dormência utilizando produtos químicos. Já a cultivar chinesa ‘Yali’ e os híbridos exigem menor quantidade de frio e, por isso, podem ser plantados em regiões mais quentes, como em Ponta Grossa (PR) e Itaiópolis (SC), por exemplo.

Mesmo assim, a produção brasileira de pera é muito pequena, representando cerca de 5% das peras consumidas em nosso país. Ou seja, aproximadamente 95% das peras aqui vendidas são importadas, representando, em 2011 o dispêndio anual de US$ 200 milhões (FOB), referente a 210 mil toneladas importadas. Em termos de quantidade, o Brasil é segundo país que mais importa peras no mundo, ficando atrás somente da Rússia.

Esses dados mostram que a produção brasileira de pera ainda é extremamente baixa, ainda mais considerando que muitas das peras aqui produzidas são destinadas para doces e não para o consumo in natura. Isso, por si só, demonstra o enorme potencial que essa cultura representa na geração de divisas para os produtores e para toda a cadeia produtiva frutícola brasileira.

Nas regiões mais frias do Brasil são plantadas as cultivares de alta qualidade de pereiras europeias, como Williams - Crédito Ivan Dagoberto Faoro
Nas regiões mais frias do Brasil são plantadas as cultivares de alta qualidade de pereiras europeias, como Williams – Crédito Ivan Dagoberto Faoro

Cultivares mais demandadas

A maioria da pera consumida in natura pelo brasileiro é do tipo europeia, a qual tem formato piriforme, casca de cor verde a verde amarelada e polpa macia, doce e amanteigada, quando madura. São destaques as cultivares importadas Packhams Triumph, Williams e d’Anjou.

Nos últimos anos tem crescido o consumo e também o plantio no Brasil da pera ‘Rocha’, a qual também tem um excelente sabor, sendo seus frutos um pouco menores que as peras anteriormente mencionadas.

Mesmo em menor escala, também cresce o interesse pela pera japonesa, pois seus frutos têm formato arredondado e a polpa é muito suculenta, doce e muito saborosa, principalmente quando consumida gelada. São exemplos dessas os cvs. Housui e Nijisseiki.

Desponta como potencial desse tipo de pera a nova cultivar que será lançada pela Epagri/Estação Experimental de Caçador – ‘SCS 421 Carolina’. Seus frutos têm peso médio de 220 g e são mais uniformes que os da ‘Housui’, a casca é dourada e a polpa é doce, muito suculenta e com um leve aroma.

 Foto 04

Essa matéria completa você encontra na edição de outubro  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

 
 

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