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Míldio exige variedades de alface resistentes

Gerarda Beatriz Pinto da Silva

Doutora e pós-doutoranda – Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

gerardabeatriz@hotmail.com

MaikeLovatto

Mestrando em Agronomia ” UFRGS

Crédito Ricardo Domingues
Crédito Ricardo Domingues

A alface é a hortaliça folhosa mais consumida no Brasil. A presença frequente de fitopatógenos nas áreas de produção de alface tem dificultado o seu cultivo.  O míldio, causado pelo oomiceto Bremialactucae Regel, está entre as maiores ameaças ao cultivo desta hortaliça em nível mundial, apresentando ampla distribuição. Possui elevado poder destrutivo, tanto em cultivo sob condições controladas (casas de vegetação) como a campo, podendo causar perdas superiores a 80%.

A doença se inicia com o surgimento de pequenas manchas angulares na face superior da folha, as quais apresentam coloração variando de verde-clara a amarelada. Sob condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do fungo, a área infectada da folha (lesão) adquire coloração marrom.

Os danos causados às folhas pela clorose e posterior necrose diminuem a área fotossintética ativa das plantas, levando a uma redução da produção e comprometendo a qualidade do produto final. Por atingir diretamente a parte comercializada, plantas infectadas com B. lactucae perdem o valor comercial e, portanto, geram grandes prejuízos aos produtores. Em ambientes com elevada umidade relativa do ar é possível observar esporos de B. lactucae de coloração esbranquiçada na face inferior das folhas.

Condições para o míldio

Regiões ou ambientes com alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas favorecem a ocorrência do míldio na alface. A elevada umidade pode estar relacionada à ocorrência de garoas, bem como à presença de orvalho, névoa ou irrigação artificial.

As temperaturas ideais ao desenvolvimento deste fitopatógeno variam de 12 a 22°C. Estudos realizados demonstraram que a temperatura mínima para o início da infecção é de 5°C, com um ótimo a 15°C, e que temperaturas superiores a 30°C inibem a infecção.

O cultivo protegido da alface, realizado geralmente em casas de vegetação, é caracterizado pela alteração das condições ambientais com o objetivo de criar condições que favoreçam o desenvolvimento das plantas.

Entretanto, a formação destes microclimas também apresenta condições favoráveis para uma maior ocorrência do míldio. Sendo assim, mudas produzidas em ambiente protegido estão sujeitas à infecção por B. lactucae em todo o seu ciclo.

A umidade relativa do ar está entre os principais fatores ambientais determinantes ao desenvolvimento de B. lactucae, influenciando diretamente a germinação dos zoósporos, que necessitam de elevada umidade relativa do ar (80%) e presença de uma lâmina de água na folha para ocorrer.

Em síntese, quanto maior o período com elevada umidade relativa e/ou molhamento foliar, maiores são as chances de ocorrência da doença. Outra informação importante é que a infecção ocorre, geralmente, no período da manhã e necessita de um período mínimo prévio com elevada umidade de três horas.

  1. lactucae dissemina-se facilmente pela ação de ventos e respingos, proveniente de chuvas ou irrigação, já que os zoósporos (estruturas de reprodução assexuada) necessitam de uma lâmina de água para se locomoverem.
Regiões ou ambientes com alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas favorecem a ocorrência do míldio - Crédito Shutterstock
Regiões ou ambientes com alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas favorecem a ocorrência do míldio – Crédito Shutterstock

Dicas importantes

Diversas medidas de manejo podem ser empregadas para um controle eficiente do míldio da alface, com ênfase em medidas de controle integrado.Como medidas pré-plantio recomenda-se avaliar a sanidade das sementes e mudas, sempre buscando materiais com elevada qualidade fitossanitária.

Na escolha da área de plantio, recomenda-se evitar aquelas sujeitas ao acúmulo de água, como baixadas, locais próximos a fontes de água, entre outros. Sempre que possível, deve-se dar preferência a áreas ensolaradas, com boa circulação de ar e boa drenagem.

Durante o transplantio das mudas, observar sempre o espaçamento recomendado para a cultivar, evitando-se o adensamento excessivo, principalmente quando o cultivo é realizado em épocas favoráveis à ocorrência da doença (elevada umidade e temperaturas amenas).

O espaçamento adequado entre plantas cultivadas em ambiente protegido também deve ser levado em conta, de forma a promover a circulação de ar entre as plantas. A adubação deve ser realizada de forma equilibrada, evitando utilizar adubações nitrogenadas excessivas, pois o excesso de nitrogênio deixa as plantas mais suscetíveis à doença.

Pesquisas recentes têm demonstrado que níveis adequados de fósforo, potássio e fertilizantes silicatados podem reduzir incidência da doença.A realização de um manejo adequado das plantas daninhas é primordial, pois estas concorrem por espaço, luz, água, nutrientes e dificultam a passagem de ar entre as plantas, favorecendo a ocorrência de períodos com elevada umidade e, consequentemente, a ocorrência da doença.

 

 

Essa matéria completa você encontra na edição de junho de 2018 da Revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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