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Mal das folhas da seringueira exige controle imediato

João Alberto Zago

Edson Luiz Furtado

elfurtado@fca.unesp.br

Departamento de Proteção Vegetal – FCA/UNESP ” Botucatu (SP)

Causado por Microcyclusulei, o mal das folhas da seringueira é a mais séria das doenças da cultura e o principal problema para o estabelecimento dos seringais nas Américas Central e do Sul. Entre os danos está a desfolha prematura em árvores adultas, que facilita a incidência de outras doenças e pode levar as plantas à morte.

Sintomas

Os sintomas do mal das folhas podem ser observados em folhas, caules jovens, flores e frutos. Dois tipos de sintomas podem ser constatados, conforme a idade da folha e o estágio do fungo (sexual ou assexual).

Nas folhas maduras os sintomas estão predominantemente na superfície adaxial, são constituídos por lesões circulares, recobertas por tecido estromático, que em seu interior contém as estruturas reprodutivas sexuadas do fungo.Pode ser sentido pelo tato, pela rugosidade, como se a folha constituísse uma lixa.

Nas folhas jovens de clones suscetíveis, os sintomas são constituídos por lesões com formato irregular, na face abaxial, como se fosse um feltro de coloração esverdeada escura, que corresponde à esporulação conidial ou assexuada do fungo. Nesta fase as folhas são muito atacadas e a planta pode ser parcial ou totalmente desfolhada pelo fungo, em que repetidas desfolhas podem retardar o crescimento ou até mesmo matar a árvore.

A primeira manifestação de sintomas ocorre nas folhas jovens, com idade até três semanas, que se torna visível com cinco a seis dias após a penetração. Na face abaxial aparecem manchas aveludadas de cor verde-oliva, que constituem a massa de conídios.

Com a continuidade do processo de infecção, os folíolos se enrugam, ficam com aspecto queimado e caem. Os folíolos infectados com idade superior a duas semanas não caem, e mais tarde o fungo vai produzir estruturas denominadas de estromas, num ciclo que pode demorar de 100 a 150 dias.

Créditos Edson Furtado
Créditos Edson Furtado

Prejuízos

Em clones suscetíveis, os ponteiros secam pelo desfolhamento sucessivo e tem então o início da morte descendente da planta. Pode abrir portas para o ataque de outros patógenos foliares, como o Colletotrichum spp., causador da antracnose, e patógenos que atacam os ramos, como Lassiodiplodiatheobromae e Phomopsis, causando a seca dos ponteiros e intensificando os danos.

Deve-se lembrar que o mal das folhas se constitui hoje o maior perigo fitossanitário para os seringais do Oriente, onde as condições climáticas são favoráveis à doença, os clones são suscetíveis e por barreiras naturais o fungo ainda não chegou àquela região.

Condições ideais para a doença

A disseminação dos esporos pode ser através da água da chuva e do vento, sendo este último o maior responsável pela disseminação a longas distâncias.

Os esporos do Microcyclusulei, ao entrarem em contato com folhas jovens suscetíveis (até 21 dias de idade), com temperatura e umidade ideais (24ºC e presença de filme d’água sobre a superfície foliar), germinam e penetram no interior do hospedeiro, ocorrendo o desenvolvimento de lesões e a esporulação conidial (seis a oito dias).

Estes esporos requerem de seis a oito horas de alta umidade imediatamente após a deposição, e temperatura de 20 a 28°C para causar infecção em folíolos jovens. As condições ambientais mais favoráveis para a ocorrência severa da doença é quando a umidade relativa do ar é superior a 90%, por dez horas consecutivas, durante um período mínimo de doze dias no mês e temperatura média acima de 20ºC.

Lesões de Colletotrichum - Créditos Edson Furtado
Lesões de Colletotrichum – Créditos Edson Furtado

Prevenção

Para enfrentar essa doença devastadora existem algumas alternativas já identificadas, tais como: plantio em área de escape, enxerto da copa, desfolhamento artificial, controles químico e biológico.

Além destas, o controle genético utilizando clones resistentes é uma estratégia das mais viáveis, por ser mais prática e econômica. A adoção desta estratégia está de acordo com as medidas incentivadas contra doenças em culturas perenes de árvores altas, sendo que os aspectos econômicos do controle pesam acentuadamente em favor dos métodos indiretos.

Desta forma, respeitar o zoneamento climático para a cultura e escolher regiões de evasão ou “escape climático“ ao patógeno é muito interessante, pois o mal das folhas tem encontrado restrições para se estabelecer em regiões que são consideradas de “escape“ por apresentarem período seco definido durante o ano, em que as condições climáticas limitam ou reduzem o desenvolvimento do M. ulei, como os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.

Porém, devido à alta capacidade de adaptação do fungo, já se tem encontrado sintomas da doença em jardins clonais e viveiros, quando irrigados, que merecem atenção e controle.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro/fevereiro 2017  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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