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Funções do cálcio no solo e nas plantas

José Eduardo Consorte

Doutor em Agricultura e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Departamento de Ciência do Solo e Engenharia Agrícola

consorte@uepg.br

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

A principal forma de se fornecer cálcio (Ca) para as plantas é pela calagem, isto é, a aplicação de calcário no solo, que também corrige a acidez do solo.O calcário contém carbonato de Ca e de magnésio (Mg) que, ao reagirem com ácidos orgânicos do solo liberam o íon OH, proporcionando correção da acidez. Portanto, a calagem corrige a acidez do solo e fornece Ca e Mg para as plantas.

A correção da acidez proporciona benefícios fundamentais para o bom desenvolvimento da planta. Ao elevar o pH do solo para mais próximo da neutralidade (em torno de 6,5), a calagem aumenta a disponibilidade de nutrientes para as plantas, especialmente de fósforo, que é um elemento muito importante na produção de grãos.

Além desse aspecto, proporciona a redução dos níveis dos elementos tóxicos: alumínio (Al³+) e manganês (Mn).Considerando que os solos brasileiros são originalmente ácidos, sendo que no Cerrado são geralmente arenosos e com presença de alumínio, e normalmente com baixos teores de fósforo, a calagem se torna fundamental para a produção agrícola.

A calagem e o crescimento das plantas

A redução do alumínio tóxico e a maior disponibilidade de nutrientes possibilitamo melhor desenvolvimento do sistema radicular das plantas.Com raízes mais bem desenvolvidas, as plantas absorvem maiores quantidades de nutrientes minerais (N, P, K, Ca, Mg, S e micronutrientes) e água.

Raízes mais profundas são importantes para aumentar a resistência das plantas à ocorrência de veranicos (falta de chuva no desenvolvimento da planta). O equilíbrio nutricional e o bom crescimento da planta são importantes para o bom suprimento do cálcio, pois são as raízes jovens, em crescimento, que absorvem o cálcio.

Por ser o Ca um componente da parede celular (lamela média), as plantas bem supridas com ele normalmente são mais resistentes ao estresse climático (calor, seca) e mais tolerantes às doenças bacterianas.

O método mais utilizado para cálculo da quantidade de calcário a se aplicar é a saturação de bases do solo, representada pelo seu teor em Ca, Mg e K em proporção com a CTC (capacidade de troca de cátions total) de Ca, Mg, K, Al, K.

O cálculo é feito para elevar a saturação de bases do solo (V%) para 60 ou 70%, dependendo da cultura que será implantada, considerando-se, para isso, a mais exigente, como é o caso do milho.

A eficiência do calcário, que é medida pelo seu PRNT (poder relativo de neutralização total) também é utilizada no cálculo da quantidade a ser aplicada. Quanto melhor o grau de moagem e mais elevados os teores de Ca e Mg, melhor será o calcário.

Não faça confusão

Produtores que não foram bem orientados podem confundir calagem com adubação e realizá-la anualmente. Isso pode alcalinizar o solo e provocar deficiência de manganês, tornando-se um problema difícil de ser corrigido.

Por isso, recomenda-se o cálculo da saturação de base, que normalmente é feito com amostras de até 20cm do solo. As quantidades iguais ou superiores a oito toneladas por hectare devem ser fracionadas em duas ou três aplicações, o que pode ser feito anualmente se o solo ainda não estiver bem corrigido.

Se o solo estiver muito ácido, é muito importante fazer a calagem com pelo menos três meses de antecedência ao plantio, pois o calcário não é solúvel em água. Ele reage com os ácidos orgânicos do solo, e por isso leva tempo e depende da umidade (chuva).

Para os produtores que plantam o ano inteiro, anualmente devem-se fazer as correções. Se não der para parar o plantio para fazer a correção, o produtor deve aplicar duas toneladas anuais para colher os benefícios na safra seguinte. Ele pode não ter muito resultado na safra que faz a calagem, mas na safra seguinte terá.

É muito importante, também, que o calcário seja distribuído da forma mais uniforme possível. Se no momento da aplicação estiver ventando muito, a operação deve ser pausada para evitar que o calcário seja arrastado para uma margem da lavoura apenas.

Plantio direto

Incentivamos que o produtor faça plantio direto, o que já acontece em muitas propriedades. Isso possibilita fazer a calagem na superfície.Então, com o parcelamento de duas toneladas por hectare é possível usar as mesmas doses que são calculadas para 20 cm, e com o tempo o calcário reage na subsuperfície. Isso foi verificado inclusive por um pesquisador da Universidade Estadual de Ponta Grossa, que faz estudos sobre a aplicação de calcário em superfície.

Fazendo a calagem, haverá mais respostas do fósforo, o que gerará mais produção de matéria seca como cobertura no solo para plantio direto e proporcionará mais matéria orgânica no solo, alémde maior capacidade de reter água e nutrientes. Então, será construída uma fertilidade no solo que originalmente era arenoso, ácido ou com muito alumínio.

Lembrando que o retorno financeiro coma calagem é garantido.O custo do calcário sem o frete é de R$ 32,00/ton, sendo o frete o que encarece a operação.Se o produtor estiver perto de uma jazida, portanto, conseguirá melhor preço.

A calagem e o manejo adequado do solo proporcionam a reconstrução do perfil no Cerrado, bem como a recuperação de áreas degradadas. Se todas as áreas fizessem isso, poderíamos aumentar expressivamente a produção agrícola, sem precisar abrir áreas novas.

Essa matéria você encontra na edição de Agosto 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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