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Formigas sob controle

Ana Maria Matoso Viana-Bailez

Doutora em Biologia do Comportamento e professora da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darci Ribeiro (UENF)

amaria@uenf.br

Jhonattan Rodríguez Guerrero

Doutorando em Produção Vegetal – UENF

 

 Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Como o próprio nome indica, as formigas cortadeiras cortam material vegetal, preferivelmente fresco, para o cultivo de um fungo simbionte, o qual serve de alimento para a colônia.

Uma colônia de formigas cortadeiras pode ter uma população de milhões de indivíduos, pelo qual o requerimento de folhas aumenta com o tamanho dos ninhos. Um ninho adulto pode desfolhar uma árvore adulta em poucas horas.

Dentro de uma floresta, onde a diversidade de plantas é alta (comparada com monoculturas), o impacto das formigas cortadeiras é às vezes imperceptível. Entretanto, nos cultivos agrícolas e florestais as formigas cortadeiras são consideradas espécies-praga importantes.

O sucesso de um empreendimento florestal está diretamente ligado ao controle dessas formigas, que causam danos consideráveis tanto em florestas jovens como adultas.

Em reflorestamentos de Eucalyptus e Pinus causam perdas diretas, ao provocar a morte de mudas e redução no crescimento de árvores. Normalmente, o ataque preferencial ocorre nos ápices e ramos jovens. A desfolha total de árvores de Eucalyptusgrandis corresponde a 13% da perda de volume de madeira ao final do ciclo da cultura, chegando a reduzir em 45% a produção de madeira. Além disso, provocam perdas indiretas com a redução da resistência das árvores à ação de outras pragas ou patógenos.

Condições para o ataque

A atividade externa das operárias acontece principalmente à noite, quando a temperatura diminui. Porém, a atividade de corte e transporte de folhas é variável entre as diferentes colônias. Alguns estudos demostram que, ainda no mesmo local, alguns ninhos carregam folhas durante o dia e outros à noite. Essa diferença de atividade pode estar ligada às necessidades de cada colônia.

Em termos gerais, a atividade de forrageio dos ninhos aumenta com o período de chuvas, quando a temperatura ambiente diminui e a umidade do solo favorece a escavação e desenvolvimento do fungo simbionte.

Aplicação de iscas tóxicas

Para a aplicação de iscas formicidas no campo, primeiro tem que ser feita a medição da área da colônia de acordo com o monte de terra solta. O cálculo é feito multiplicando-se a maior largura pelo maior comprimento.

A quantidade de isca a ser colocada depende da espécie de formiga cortadeira, como também da recomendação do fabricante. Normalmente, o que ser recomenda são 10g/m2 de formigueiro.

No caso de ninhos pequenos, com um só olheiro, aplicam-se05g de iscas. As iscas devem ser aplicadas a uma distância de 20 cm da entrada dos olheiros ou da trilha por onde trafegam as operárias.

Se o ninho tem várias trilhas ativas, devem ser colocadas iscas em cada uma das trilhas. Sua aplicação não deve ser periódica, porque as formigas vão reconhecer seu efeito tóxico, pelo qual irão rejeita-lo nos próximos dias.

Há duas formas de aplicação das iscas: de forma localizada, isto é, diretamente nos ninhos, ou de forma sistemática, que é a distribuição das iscas em toda a área, independentemente da localização do formigueiro.

Eficácia

De acordo com alguns estudos, o uso de iscas formicidas no controle de formigas cortadeiras é o principal método utilizado. Isso se deve a sua eficiência, além de ser prático e econômico. Uma das limitações é o excesso de umidade, sendo desaconselhado o uso deste método em épocas de chuva.

Já a termonebulização é uma técnica invasora, utilizando um gás como transporte do agente nocivo. A técnica é boa, porém, o agente tóxico deve atingir a rainha do ninho. Se isso não acontecer, a rainha continuará colocando ovos que vão substituir as operárias que morreram por causa do controle, e em poucos meses o ninho estará ativo de novo.

Um problema que geralmente ocorre quando o ninho sobrevive ao controle é que aumenta seu tamanho ou desloca algumas câmaras de cultivo do fungo para novas áreas, tornando o controle mais complicado.

O problema da termonebulização é que o gás usado como transporte é resultado da combustão de derivados do petróleo que geram uma grande contaminação no solo. Para minimizar os danos ocasionados, é recomendável aplicar em ninhos de tamanho médio e em uma época que não seja muito seca, já que as operárias costumam diminuir o fluxo de ar dentro dos túneis do ninho quando a temperatura do ambiente é muito alta.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de setembro/outubro 2017  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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