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quinta-feira, abril 18, 2024
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Controle biológico de pragas florestais em pinus

Autor

Katia Regina Pichelli
Analista da Embrapa Florestas
katia.pichelli@embrapa.br G

O pinus pode ser atacado por diversas pragas, destacando-se as seguintes: vespa-da-madeira, pulgões-gigantes-do-pinus, gorgulho do pinus e as formigas cortadeiras. A que provoca mais danos ao pinus é, sem dúvida, a vespa-da-madeira (Sirex noctilio), um inseto originário da Europa, Ásia e norte da África.

No Brasil, está presente em aproximadamente 1 milhão de hectares de pinus nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais.

Identificação

Durante a postura, além dos ovos, a fêmea introduz na árvore os esporos de um fungo simbionte, Amylostereum areolatum, e uma mucosecreção. O fungo e o muco, juntos, são tóxicos à planta, causando clorose nas acículas e provocando a morte da planta.

As larvas eclodem cerca de 15 dias após a postura e logo iniciam a construção de galerias no interior da madeira, à procura do fungo, que é a sua fonte de alimento. A larva ingere os fragmentos de madeira, retirando os nutrientes necessários e os regurgita juntamente com secreção salivar, em forma de serragem compactada, a qual obstrui as galerias. Estas galerias tornam amadeira inviável.

Na fase de transformação em pupa, as larvas dirigem-se para próximo à casca. Na maioria dos casos, o ciclo biológico dura um ano. Entretanto, em árvores muito estressadas ou quando o ataque ocorre em uma bifurcação, pode ocorrer um ciclo curto, de três a quatro meses.

Sintomas de ataque da vespa-da-madeira

As árvores atacadas pela vespa-da-madeira apresentam os seguintes sintomas:

9 Respingos de resina, que surgem das perfurações feitas pelas fêmeas para depositar seus ovos; em alguns casos, observa-se o escorrimento de resina;

9 Amarelecimento da copa após o ataque, variando desde um tom amarelado, em um estágio inicial, passando pelo marron-avermelhado e seca, até a queda das acículas;

9 Orifícios de emergência, facilmente visíveis na casca, por onde os adultos saem;

9 Manchas azuladas, em forma radial na madeira atacada, causadas por um fungo secundário do gênero Botryodiplodia;

9 Galerias no interior da madeira, construídas pelas larvas.

Prevenção

A prevenção de seus danos pode ser feita mediante vigilância e tratos silviculturais, com o manejo integrado da praga (MIP). Assim, é importante a observação das seguintes recomendações:

Ü Desbastar os povoamentos de pinus nas épocas adequadas para evitar a ocorrência de plantas estressadas. Conforme as árvores crescem, aumenta a competição por luz e nutrientes, o que causa o estresse das árvores. Com isso, a árvore se torna quimicamente atrativa para a praga;

Ü Intensificar o manejo em locais de baixa qualidade, onde haja solos rasos e pedregosos;

Ü Remover do povoamento as árvores mortas, dominadas, bifurcadas, doentes e danificadas, bem como restos de poda e desbaste com diâmetro superior a 5 cm;

Ü Não efetuar poda e desbaste dois meses antes e durante o período de revoada dos insetos adultos (segunda quinzena de outubro à primeira quinzena de janeiro);

Ü Evitar o plantio em áreas declivosas, onde seja difícil realizar os tratos silviculturais;

Ü Aplicar medidas de prevenção e controle de incêndios florestais;

Ü Treinar empregados rurais, de serrarias e de transporte de madeira na identificação da praga e de seus sintomas de ataque;

Ü Manter e intensificar a vigilância de rotina.

Como é feito o monitoramento da praga

O monitoramento é realizado com a instalação de árvores-armadilha. Como o inseto é atraído para árvores estressadas, utiliza-se a aplicação de um herbicida para promover esse estressamento, tornando-as atrativas ao inseto. Isso facilita a detecção precoce da praga, auxiliando na tomada de medidas rápidas, como a liberação de inimigos naturais.

As árvores-armadilha devem ser instaladas em povoamentos com nível de ataque de até 1%. Em áreas com níveis maiores que este, deve-se interromper a instalação das árvores-armadilha e investir nas medidas de controle.

Controle eficaz

O principal inimigo natural da vespa-da-madeira é o nematoide Deladenus siricidicola (Beddingia siricidicola). Ele é criado massalmente no Laboratório de Entomologia Florestal da Embrapa Florestas.

As doses de nematoide, de 20 mL, contêm cerca de 1,0 milhão de nematoides, sendo suficiente para o tratamento de cerca de 10 árvores. Elas são distribuídas aos proprietários de plantios de pinus atacados pela praga.

Os nematoides são inoculados no tronco de árvores atacadas para que infectem as larvas da vespa-da-madeira que estiverem nesse tronco. Quando a larva passa para a fase de pupa, os nematoides se instalam no aparelho reprodutor do inseto, esterilizando suas fêmeas. Assim, uma fêmea parasitada, ao emergir, faz posturas em outras árvores, mas seus ovos tornam-se inférteis. Além disso, estes ovos parasitados passam a conter de 100 a 200 nematoides cada um. Ou seja, ao realizar novas posturas, esta vespa vai ajudar a espalhar ainda mais seu inimigo natural.

O parasitoide Ibalia leucospoides também é uma espécie de vespa que coloca os ovos em larvas da vespa-da-madeira. Estes ovos se desenvolvem dentro da larva e, ao sairem, destroem-na. Este parasitoide foi introduzido no Brasil pela Embrapa Florestas e já foi registrado em todas as áreas de ocorrência de seu hospedeiro. Apresenta eficiência média de 25%.

Os pulgões

São duas espécies as principais espécies que atacam o pinus: Cinara pinivora e Cinara atlântica, que atacam as brotações, os ramos, o caule e as raízes do pinus. Apresentam alta fecundidade e alta velocidade de reprodução, com ciclo de 12 dias desde a fase de ninfa até adulto, e cada fêmea vive cerca de 27 dias, podendo gerar, em média, 44 ninfas.

Os pulgões ocorrem em maiores populações entre o outono e o inverno. Entretanto, C. atlantica é encontrada, também, na primavera e no verão.

Sintomas

As árvores atacadas pelos pulgões apresentam os seguintes sintomas:

] Clorose (amarelecimento das acículas);

] Deformação e queda prematura das acículas;

] Redução significativa do crescimento em diâmetro e altura da planta;

] Entortamento do fuste;

] Seca dos brotos e superbrotação devido à destruição do broto apical;

] Presença de um fungo, denominado fumagina, de coloração escura, que recobre os ramos e a folhagem, interferindo no desenvolvimento da planta;

] Seca progressiva dos ramos e, eventualmente, a morte das plantas infestadas;

] Rredução da resistência ao ataque de outros insetos ou patógenos.

Manejo

O controle desta praga no Brasil é realizado por meio de Programa de Manejo Integrado, com controle biológico pelo parasitoide Xenostigmus bifasciatus. Este parasitoide foi coletado pela Embrapa Florestas nos Estados Unidos, criado massalmente em laboratório e liberado em áreas atacadas pelos pulgões.

O parasitoide tem sido constatado em todas as áreas de ocorrência do pulgão, inclusive naquelas onde não houve liberação, tendo sido observado que X. bifasciatus foi capaz de alcançar uma distância até de 80 km do local de liberação, em um ano.

Gorgulho-da-casca-do-pinus

O gorgulho-da-casca-do-pinus (Pissodes castaneus) é um besouro originário da Europa e Norte da África e foi introduzido no Brasil em 2001. O inseto adulto alimenta-se nos brotos da árvore hospedeira, enquanto as larvas alimentam-se na região do câmbio e da casca do caule e ramos. A praga tem preferência por plantios jovens.

O principal dano é realizado pelas larvas, que se alimentam na região do câmbio e da casca, onde formam uma galeria, preenchida com excrementos e fibras finas de madeira. A postura é realizada sob a casca, logo abaixo das brotações apicais do ramo terminal de árvores de pinus, preferindo as plantas grandes com ponteiros longos, porém, sob condição de estresse.

É recomendada a instalação de toretes-armadilhas, entre outubro  março, quando há maior ocorrência dos insetos. As armadilhas consistem em grupos de 16 toretes a cada 15 a 20 ha de plantio.

Deve-se fazer a retirada as armadilhas entre 30 e 60 dias, para evitar reinfestação a partir dos toretes, sendo que os atacados devem ser eliminados. As armadilhas devem ficar em ocais de fácil acesso, se possível protegidas do sol, e devem ser instaladas apenas nos plantios onde a praga esteja presente.

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