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Controle biológico de ácaros-praga com predadores

Mário Eidi Sato

Pesquisador científico do Laboratório de Acarologia – Centro Experimental do Instituto Biológico

mesato@biologico.sp.gov.br

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Está em desenvolvimento no Estado de São Paulo um projeto para o controle biológico de ácaros-praga com ácaros predadores. O projeto “Resistência de ácaros fitófagos (Tetranychusurticae) e predadores (Phytoseiulusmacropilis) a acaricidas e estratégias de manejo de ácaros-praga com uso de ácaros predadores (Phytoseiidae) em ornamentais e citros“, foi criado pelo Instituto Biológico.

Do problema à solução

Um dos fatores que dificulta a produção e a comercialização de diversas culturas agrícolas de importância econômica no Brasil é o ataque de ácaros-praga, com destaque para as famílias Tetranychidae e Tenuipalpidae. O ácaro-rajadoTetranychusurticae Koch (Tetranychidae) causa sérios prejuízos em diversas culturas, incluindo morango, mamão, pêssego, uva, tomate, feijão, algodão, rosa, crisântemo, gérbera, orquídea, entre outras.

Os ácaros Brevipalpus spp. (Tenuipalpidae) são considerados pragas-chave de culturas como citros, café, diversas fruteiras e ornamentais, e estão associados à transmissão de várias viroses, incluindo o vírus da leprose dos citros (Citrusleprosisvirus – CiLV) e o da mancha angular do cafeeiro (Coffeeringspotvirus – CoRSV).

Um dos sérios problemas enfrentados pelos agricultores tem sido a dificuldade para o controle de ácaros-praga por meio do uso de agroquímicos. O desequilíbrio biológico causado pela eliminação de inimigos naturais e o rápido desenvolvimento de resistência dessas pragas aos acaricidas estão entre as principais razões para essa dificuldade de controle.

 

Entenda melhor

Os ácaros predadores da família Phytoseiidae são considerados os principais inimigos naturais dessas pragas e, em muitos casos, são muito afetados pela aplicação de inseticidas e acaricidas.

O objetivo principal da pesquisa é gerar informações que possam ser úteis para o estabelecimento de programas de manejo de ácaros-praga em diversas culturas, com ênfase em ornamentais e citros. Nesse aspecto, alguns tópicos estudados são: resistência de ácaros fitófagos (ex.: ácaro-rajado) e predadores (ex.: Phytoseiulusmacropilis) a acaricidas; efeito de agroquímicos, produtos naturais (ex.: extratos de plantas) e entomopatógenos (fungos, bactérias) sobre ácaros fitófagos (Tetranychus, Brevipalpus) e predadores (Neoseiulus, Phytoseiulus, Euseius); e estratégias (com destaque para o uso de ácaros predadores) para o manejo de ácaros-praga em diferentes culturas, principalmente em ornamentais (ex.: gérbera, orquídea) e citros.

Este projeto representa uma continuidade dos estudos sobre manejo de ácaros-praga em cultivos como morango, rosa, crisântemo, citros e cafeeiro, iniciados em 2012.

 

Resistência

Com relação à resistência do ácaro-rajado a acaricidas, considerando-se as populações coletadas de diferentes culturas (algodão, crisântemo, feijão, framboesa, gérbera, mamão, morango, orquídea, rosa, soja, tomate) e regiões brasileiras (Estados de São Paulo, Mato Grosso e Goiás), nos últimos quatro anos foram observados contrastes significativos entre as populações avaliadas, com porcentagens de ácaros resistentes variando entre zero e 98%, para os principais acaricidas registrados para o controle do ácaro-praga (ex.: abamectin, milbemectin, chlorfenapyr, fenpropathrin, clofentezine, spiromesifen, diafenthiuron, etoxazole).

As maiores porcentagens de ácaros resistentes foram detectadas em cultivos com elevada frequência de aplicação de acaricidas (ex.: crisântemo, rosa, gérbera, morango) no Estado de São Paulo.

Mesmo para os produtos registrados recentemente no Brasil (ex.: etoxazole, spiromesifen), frequências de resistência acima de 70% já têm sido detectadas em ornamentais. O problema da resistência do ácaro-rajado a acaricidas tem se agravado a cada ano nos principais cultivos agrícolas (ex.: algodão, feijão, tomate, mamão, uva, ornamentais) do País.

Ácaro-rajado Tetranychus urticae - Crédito Mário Eidi Sato
Ácaro-rajado Tetranychus urticae – Crédito Mário Eidi Sato

Resultados

Os testes sobre o efeito de agroquímicos e produtos naturais sobre ácaros fitófagos (T. urticae) e predadores (Neoseiuluscalifornicus, P. macropilis) indicaram que diversos produtos químicos (ex.: piretroides, organofosforados) tóxicos para o predador P. macropilis mostram-se inócuos para N. californicus.

Produtos como spiromesifen, propargite, azadiractina (nim) e diversos extratos de plantas (ex.: alho) mostraram-se bem mais tóxicos ao ácaro-rajado que ao predador N. californicus, podendo ser recomendados para o manejo do ácaro-praga em diversas culturas.

Diversas linhagens (cepas) de fungos entomopatogênicos (Beauveria, Metarhizium) também se mostraram seletivos aos ácaros predadores. Observou-se recentemente uma linhagem de Bacillus thuringiensis efetiva para o controle de ácaro-rajado e que se mostra praticamente inócua aos ácaros predadores da espécie N. californicus.

Os estudos envolvendo a liberação de ácaros predadores (ex.: 10 ácaros predadores/m2) têm indicado alta viabilidade do uso desses inimigos naturais no controle biológico do ácaro-rajado em cultivos de morango, rosas, gérbera e orquídeas.

As liberações dos predadores, quando realizadas em baixas infestações do ácaro-praga, foram suficientes para manter a população deles em níveis que não causavam danos econômicos às plantas, sem a necessidade do uso de acaricidas químicos.

Essa matéria completa você encontra na edição de março 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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