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Benefícios da calagem para as árvores

José Geraldo Mageste

Engenheiro florestal e professor – ICIAG-UFU

Arthur Franco Teodoro Duarte

Graduando em Agronomia -ICIAG-UFU

Ernane Miranda Lemes

Engenheiro agrônomo, M.Sc. edoutor em Fitotecnia – ICIAG-UFU

ernanelemes@yahoo.com.br

Crédito Gisele Rosso
Crédito Gisele Rosso

O produtor rural planta espécies florestais com o objetivo de produzir madeira para usos múltiplos, como por exemplo: lenha, estacas, moirões e outros. Normalmente, são destinados para o plantio solos que apresentam baixa fertilidade e elevada acidez.

Nestes solos, com pH inferior a 5,0, o alumínio está presente em quantidades elevadas, o que pode causar toxidez às árvores e também interferir na absorção de nutrientes minerais essenciais ao crescimento das árvores. A elevação do pH e a neutralização do alumínio podem ser obtidas com a aplicação de calcário.

Calagem em sistemas florestais

O plantio de árvores destinadas ao extrativismo da madeira normalmente se dá em solos com baixa fertilidade natural, pH abaixo de 6, elevada presença de alumínio, condições essas que causam toxidez às plantas e a indisponibilidade dos nutrientes para o seu desenvolvimento.

Esta condição interfere na absorção adequada de nutrientes pela espécie florestal e no desenvolvimento rentável das árvores, o que termina por gerar resultados inferiores aos esperados para a produção de madeira.

A aplicação do calcário eleva o pH do solo pela liberação de hidroxila (OH) (equação abaixo), o que não só neutraliza o alumínio tóxico presente na solução do solo, como também fornece cálcio (Ca++) e magnésio (Mg++), eleva a disponibilidade de nutrientes assimiláveis pela planta, diminui a fixação de P, aumenta a capacidade de troca catiônica do solo (CTC), favorece a descompactação, propicia um ambiente mais adequado para a microbiota, favorece a decomposição da matéria orgânica presente no solo e a reciclagem de nutrientes.

CaCO3 + 2 H2O ® Ca++ + H2CO3 + 2 OH

Vantagens

Todas estas consequências da aplicação do calcário favorecem as florestas, contudo, além da correção do pH do solo, uma adubação indicada por uma análise adequada do solo, especialmente nos solos do Cerrado, fornece condições ainda mais favoráveis para o desenvolvimento da floresta.

A reaplicação do calcário e a adubação complementar devem seguir os laudos de monitoramento da área, pois o tempo de persistência dos efeitos dos calcários e adubações depende da textura do solo, da idade do plantio e do custo-benefício da aplicação no momento que se identifica uma deficiência.

O custo com calcário, frente aos benefícios que acarreta, é relativamente baixo, e em muitos casos a sua aplicação se paga perfeitamente logo no primeiro ano da aplicação. Os custos maiores com o calcário regularmente estão relacionados com o transporte do material da fonte até a propriedade, e com sua aplicação.

Geralmente o custo do calcário gira em torno de 12 a 15% do custo com outras adubações na área, mas seus efeitos valem muito mais que o investimento da aplicação.

Qual escolher?

Existem três tipos de calcário: o dolomítico, o calcítico e o magnesiano. O calcário dolomítico é indicado para solos com alta deficiência de cálcio e moderada de magnésio. Apresenta relação de 7:1 de Ca++ para Mg++.

Composição química: MgO: acima de 12%, e CaO: de 25 a 32%. O calcário calcítico é indicado apenas para correção de solo com alta deficiência em cálcio, já que apresenta uma relação alta de Ca++ para Mg++, de 30:1.

Composição química: MgO: até 5%, e CaO: de 45 a 55%. Já o calcário magnesiano é o intermediário entre os outros calcários. Composição química: MgO: de 5,1 a 12%, CaO: de 33 a 44%.

Quanto aplicar?

Após a seleção do tipo de calcário mais apropriado para a área a ser corrigida, deve-se proceder ao cálculo da necessidade de calcário. Existem diferentes métodos para se determinar a necessidade de calcário (ton ha-1), como o método de saturação de bases, método da neutralização da acidez trocável, método dos teores de Ca, Mg e Al, dentre outros, os quais, em sua maioria, se baseiam na correção dos valores de nutrientes apontados na análise de solo.

Esta estimativa da necessidade de calcário ainda não é a quantidade de calcário que a floresta deve receber; há de se considerar o PRNT (poder relativo de neutralização total) do calcário, que é uma medida de sua qualidade química e granulometria. Nos cálculos da quantidade de calcário a ser aplicada, o PRNT considerado é 100%, o que não ocorre regularmente para os calcários, então a quantidade a ser aplicada de calcário deve ser corrigida para seu real valor e PRNT.

A quantidade de calcário determinada para a área deve ser aplicada em área total e incorporada, quando ocorrer antes do plantio das mudas florestais, ou aplicado na projeção da copa quando a floresta já estiver implantada. O período para que a reação do calcário seja efetiva varia de um a seismeses após a aplicação, e seus efeitos perduram por três a seis anos.

Análise de solo antes de tudo

É essencial saber que o primeiro passo para saber se deve ou não aplicar calcário na área é a análise do solo. Após a coleta, o solo deve ser levado para o laboratório, analisado quimicamente, e então esses resultados serão interpretados para avaliar qual calcário adquirir. Com base nestes resultados, um engenheiro agrônomo responsável irá realizar a melhor recomendação.

Essa matéria você encontra na edição de maio/junho 2017  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua.

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