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A evolução do controle biológico de ácaros na seringueira

 

Reinaldo Feres

reinaldo@ibilce.unesp.br

AntonioLofego

Gilberto de Moraes

Acarologistas e professoressêniores da UNESP

 

Foto 01 - Sem créditoDiversas são as espécies de ácaros que ocorrem em seringueira no Brasil, mas as duas principais são cientificamente conhecidas como Calacarusheveae e Tenuipalpusheveae.

Ambos são diminutos, não podendo ser vistos a olho nu. Com o uso de uma lente de aumento observa-se que o primeiro é acinzentado, vivendo principalmente na face superior da folha. O segundo é vermelho, com alguns pontos escuros dispersos pelo dorso, vivendo principalmente na face inferior.

Infelizmente a situação atual não permite dizer que já temos um modelo a ser adotado para o controle biológico de Calacarusheveae e Tenuipalpusheveae. Apesar de muita coisa já ter sido realizada, muito ainda precisa ser feito, devido à peculiaridade do problema.

Danos

Calacarusheveae causa um sintoma de amarelecimento em forma de mosaico, assemelhando-se à ocorrência de virose. Entretanto, pode também causar descoloração generalizada ou bronzeamento. Já T. heveae usualmente causa um amarelecimento das folhas. Nos dois casos, as folhas atacadas podem cair prematuramente, reduzindo a produção de látex.

Os prejuízos causados por estes ácaros a diferentes clones de seringueira têm sido extensivamente estudados por M.R. Vieira e R.J.F. Feres e seus colaboradores da UNESP de Ilha Solteira e de São José do Rio Preto (SP).

 

Pesquisas

Os trabalhos científicos mostraram que C. heveae causa reduções significativas na taxa de transpiração, de fotossíntese e condutância estomática. Plântulas do clone RRIM 600 mostraram dano fisiológico mais pronunciado que plântulas de GT1.

A fotossíntese foi provavelmente reduzida devido à diminuição da abertura dos estômatos, como indicado por reduções na taxa de transpiração e condutância estomática e pela ausência de diferenças nos níveis de clorofila entre os tratamentos. Os resultados indicaram que as populações de C. heveae reduzem a produtividade das seringueiras.

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Condições para os ácaros e controle biológico

Usualmente, as maiores populações de C. heveae ocorrem em maiores níveis na época chuvosa. Já T. heveae ocorre em maiores populações no final da época chuvosa.

Diversos estudos têm sido conduzidos sobre os inimigos naturais associados a C. heveae e T.heveae. Altos níveis de infecção de C. heveae pelo fungo Hirsutellathompsoni têm sido relatados no Mato Grosso. Diversos outros estudos têm demonstrado o ataque tanto de C. heveae como de T. heveae por ácaros predadores, sendo a maior parte de ácaros predadores da família Phytoseiidae e Stigmaeidae.

Entretanto, são necessários mais estudos para determinar quais espécies predadoras são mais eficientes no controle dessas pragas. Uma tese de doutorado em andamento no Departamento de Zoologia e Botânica no campus da UNESP, em São José do Rio Preto, tem como objetivo responder essa questão.

Essa resposta constituirá um passo importante para a elaboração de programas de manejo visando à conservação e incremento dessas espécies nos seringais.

Os ácaros podem atacar a seringueira até mesmo na fase de mudas - Crédito arquivo
Os ácaros podem atacar a seringueira até mesmo na fase de mudas – Crédito arquivo

Eficácia

Em qualquer ecossistema, a eficiência do controle biológico de ocorrência natural, ou seja, a ação de inimigos naturais que ocorrem naturalmente em um ambiente, é altamente influenciada pela estabilidade do sistema.

Assim, em sistemas mais estáveis, normalmente os problemas de pragas são menores. Nos plantios de seringueira fora da Amazônia (de onde a planta é nativa), usualmente se observa a cada ano uma intensa queda de folhas na época mais seca.

Observações de campo nos levam a acreditar que este é um fator altamente desfavorável ao controle biológico. Com a queda das folhas, os ácaros que nelas estão também caem juntos, vindo a morrer.

Com o subsequente aparecimento de novas folhas, estas são rapidamente colonizadas por C. heveae e T. heveae, que naturalmente se dispersam com o vento a partir das poucas folhas que não chegaram a cair. Obviamente, este processo também ocorre com os predadores, mas a uma velocidade muito menor.

Assim, frequentemente, quando os predadores finalmente se dispersam pelo campo, o nível dessas duas espécies de ácaros fitófagos já está muito alto, causando danos. No caso do fungo H. thompsoni, independentemente da queda das folhas, a simples redução da umidade na época de pouca chuva reduz sua incidência e, frequentemente quando isto ocorre, os níveis das pragas já estão bastante elevados, dificultando o controle.

Essa matéria completa você encontra na edição de maio/junho de 2018 da Revista Campo & Negócios Floresta. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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