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A essencialidade do gesso agrícola na correção do solo

 

 

Ricardo Wolfgramm

Engenheiroagrônomo e sócio da Equilíbrio Rural

ricardo_wolfgramm@yahoo.com.br

Crédito Nutrion
Crédito Nutrion

Atualmente vivemos um momento na agricultura brasileira onde o que importa é produzir mais com menores custos por unidade (saca, hectare, arroba), tudo isso devido aos altos custos dos insumos, como fertilizantes, energia elétrica, combustíveis, mão de obra, etc., atrelado à demanda crescente da população mundial por produtos agrícolas seguros e com maior qualidade final ao consumidor ou à indústria.

Com toda essa dinamicidade do agronegócio brasileiro, muitas vezes deixamos de lado ou não analisamos a fundo o principal responsável por todos os sucessos da agricultura – o nosso solo. Muitos produtos ou “subprodutos“ simples que fazem toda a diferença na agricultura, corrigindo, condicionando ou enriquecendo o solo são deixados de lado, recebendo pouco ou nenhum crédito dos agricultores e dos profissionais do meio agropecuário.

O gesso agrícola

O gesso agrícola (sulfato de cálcio), também conhecido como fosfogesso, é um subproduto da indústria de ácido fosfórico. O gesso (CaSO4.2 H2O) é derivado de uma reação química da rocha fosfática (no Brasil, principalmente apatita) com o ácido sulfúrico (H2SO4).

Nesse ataque ácido é gerado o ácido fosfórico (H3PO4), e como “subprodutos“, se é que assim podemos dizer, são gerados o superfosfato simples e o gesso. Para cada tonelada de P2O5 produzido na forma de ácido fosfórico são produzidas cerca de 4,5 toneladas de gesso.

Correção ou condicionamento?

O gesso não é um corretivo de acidez, e sim um condicionador de solo, uma fonte de baixo custo de cálcio (20%) e enxofre (15%) na forma de sulfato. É um produto mais solúvel que o calcário, cerca de 2,4 gramas do produto por litro de água.

Utiliza-se o gesso agrícola porque os solos tropicais, ou seja, os solos brasileiros são naturalmente pobres em cálcio (Ca2+) e possuem muito alumínio trocável (Al3+) na CTC do solo (capacidade de troca catiônica), principalmente em profundidade, nas camadas subsuperficiais (>20 cm).

O crescimento radicular é muito dependente de cálcio, e o alumínio é tóxico para as plantas, limitando o crescimento radicular. Logo, em solos com essas características o desenvolvimento radicular não será satisfatório.

A utilização do gesso condiciona o solo para o desenvolvimento radicular, agindo como um agente floculante, tornando o solo mais poroso, mais bem aerado, permitindo que o vegetal explore camadas mais profundas do solo, buscando água e nutrientes no seu perfil. O melhor desenvolvimento radicular está intimamente ligado a melhores produtividades, ou melhor, estabilidades de produção.

O gesso torna o solo mais poroso e aerado, permitindo maior enraizamento - Crédito Nutrion
O gesso torna o solo mais poroso e aerado, permitindo maior enraizamento – Crédito Nutrion

Recomendações

Na literatura recomenda-se utilizar o gesso agrícola quando nas camadas de 20-40 cm ou 30-60 cm de profundidade do solo o teor de cálcio for igual ou inferior a 0,5 cmolc/dm3 e/ou quando a saturação de alumínio (m) for superior a 20%. A quantidade de gesso a ser aplicada deve equivaler a 30% daquela de calcário estimada para essa camada de solo.

Também podemos ter a recomendação feita com base no teor de argila no solo, expresso em porcentagem (%). Para culturas anuais a dose de gesso é (DG kg/ha) = 50 x % de argila. Para culturas perenes e cana-de-açúcar é (DG kg/ha) = 75 x % de argila.

Porém, a utilização de gesso sempre deverá ser recomendada e instruída por um profissional capacitado.Só ele poderá realizar uma interpretação criteriosa da análise de solo e recomendar as quantidades necessárias de gesso para sua cultura de acordo com o tipo de solo, muitas vezes recomendando a utilização do gesso em parâmetros diferentes dos citados acima.

Não existe receita de bolo – o que existe são profissionais capacitados, conhecedores do comportamento de cada cultura e das características do solo a ser trabalhado, variando a dose e/ou a forma de aplicação do gesso.

Em culturas anuais como soja, milho, algodão e trigo o gesso deverá ser aplicado antes do plantio. Já em culturas perenes, como citros e café, a aplicação é recomendada em qualquer época do ano, porém, geralmente é feita no inverno, período em que as atividades nas lavouras são menos intensas, estando o maquinário e a mão de obra disponível para a aplicação.

Dicas

Geralmente, o gesso é aplicado a lanço em superfície na área total, porém, também pode ser utilizado em sulcos ou covas no plantio de café e incorporado ao solo no plantio da cana-de-açúcar ou em abertura de áreas para agricultura.

Quando aplicado no solo em superfície, o gesso pode tomar dois caminhos. Pode se dissociar em Ca2+ e SO42- enriquecendo a camada de 0-20 cm com cálcio, deslocando o alumínio (Al3+) da CTC do solo.Logo, esse Al3+, que é tóxico, irá reagir com o SO42- gerando sulfato de alumínio, não tóxico, sendo lixiviado para camadas mais profundas do solo.

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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